sexta-feira, 28 de junho de 2013

Se essa rua fosse minha

Eu quero transporte coletivo, mas quero também uma urbanização que pense no humano. Quero ruas curvas, estreitas, arborizadas, onde o homem tenha vez, e não os auto-motores. Um mundo que não é desenhado pela eficiência da economia, mas pela organicidade do prazer.

Eu não quero mais educação, porque educação não existe menos nem mais, ela começa quando nascemos e termina quando morremos. Eu quero que a escola seja um espaço opcional, ocasional, um espaço de liberdade, de experimentações. Eu quero que a escola deixe de criar indivíduos passivos, obedientes e crentes na meritocracia forjada. Eu quero que ela deixe de projetar dicotomias entre certo e errado, bom e ruim, bem e mal, prazer e dever, lei e crime, Estado e povo, moral e sexo, civilização e natureza. Eu quero que ela seja um lugar onde a criança é respeitada em sua totalidade, onde a cultura da infância tenha voz e o adulto se cale para a aprender, onde exista exercícios de potência, mas não de poder.

Eu, antes de querer mais saúde, quero menos doença, e que o conceito e o contexto de saúde sejam discutidos por todos. Que pensemos nos aspectos biológicos, psicológicos, alimentares (e quiçá espirituais) da saúde. Assim, as pessoas passariam à entender que elas são o agente mais importante para sua própria saúde (e não o médico). Eu queria que divulgassem e discutissem a grande diferença entre doença e sintoma, e que ficasse claro que os medicamentos nada curam.

Eu quero menos leis, menos intervenção governamental, porque confio na minha autorregulação. Quero que as comunidades e bairros tenham mais poder que o governo federal, que tenhamos autonomia. Quero que me deixem viver, fazer minhas escolhas, sofrer as consequências, e que me deixem morrer em paz também.

Eu quero tudo isso, mas sei que a maioria não quer.

Eu sei também que não adianta separar minhas demandas em milhares de pontos a serem conseguidos um a um. Pelo contrário, minhas demandas se resumem a uma grande demanda: Uma maior conexão humana com a realidade, demanda esta que não pode ser suprida por nenhum político ou poder sobrenatural. Todos os outros problemas são sintomas desta desconexão, desta interferência causada por religiões, Estados, mídias. Todos os outros problemas são consequências de nosso afastamento ao biológico, ao mundo natural.

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