quinta-feira, 4 de maio de 2017

Há um vilarejo ali...

Eu moro num lugar legal.
Chamam lá de Clareando.
Ecovila Clareando.
Mas é só um lugar. Ignorem esse negócio de ecovila....
É bonito lá. Tem natureza. Ar limpo. Água pura. Um bom solo.
Mas é só um lugar.
Um lugar que me dá liberdade de experimentar coisas que outros lugares não permitiriam.
Por isso estou lá.

É um lugar que começou a ser habitado de fato tem pouco tempo.
Lá tá se formando uma comunidade.
Tamo chegando... tamo se entendendo.
Mas a comunidade num é a Clareando.
A Clareando é outra coisa. A Clareando é só um lugar.

Comunidade tem relação com afinidade.
Tem relação com trocas.
A gente se gosta...
Eles me aceitam mesmo eu sendo ranzinza
Eu aceito eles mesmo eles sendo um bando de malucos.
Essa comunidade é pequena... algumas famílias...
Umas oito ou dez.

Ninguém perfeito... mas já mais bem resolvidos.
Menos vítimas, menos carentes, menos infantis... por isso nos entendemos.
E por isso nos cobramos, e nos envolvemos e evoluímos.
Cada um na sua... e ao mesmo tempo todo mundo junto.
Diferentes, com visões similares.
Só nós enxergamos nossa riqueza.

Clareando já foi (e é) palco de muita coisa.
De ganância e ignorância. De disputas de gurus, de egos, de lamentações, de frustrações.
De quebras de infantis expectativas. De amores, de aliens, de fim do mundo.
Hoje também palco da comunidade.

Na comunidade você não entra porque comprou terreno, como na ecovila.
É um contexto... você olha e simplesmente faz parte. Porque faz. Porque parte.
Não é voluntário. Num adianta forçar, num adianta copiar o que essas pessoas fazem.
Comunhão não é algo que se compra.

Muitos compram terrenos e não entram pra comunidade.
Não porque voluntariamente são repelidos... falta sintonia mesmo...
Não entram pelo cansaço que causariam. Por seus incompatíveis inconscientes.

Acho que a Clareando é terreno fértil para nossa comunidade...
Mas não fértil para os modos urbanos desconectados de muitos compradores de terrenos...
Assim, é questão de tempo a comunidade florir e predominar enquanto modo de vida, para outros como os nossos chegarem. É uma tendência ao equilíbrio e à coerência.
Mas o tempo.. só ele sabe de seu ritmo.

O importante é que estamos no palco... e o show está apenas começando.
E aos mais atentos já está claro que "há um vilarejo ali...".