sábado, 22 de agosto de 2015

Saiba: barbarism begins at home.


Hoje olhei para meu filho e lembrei da música "Saiba" do Arnaldo Antunes.


 

Todo mundo um dia já foi como meu filho é agora. Conectado ao prazer de respirar, de olhar, de tocar, de dormir, de simplesmente existir. Ninguém é concebido raivoso, ou pedindo tortura, ou odiando, ou homofóbico, ou consumista, ou evangélico, ou budista, etc. Para mim foi importante lembrar disso.

Ver a ignorância e o ódio nas passeatas conservadoras, ver a falta de humanidade em Cunhas da política, ver o México em estado de guerra civíl, me desumaniza um pouco... mesmo inconformado começo a achar "normal" as barbaridades da loucura social.
Lembrar que todos foram beleza, amor e calor um dia me reumaniza e me faz ver com mais clareza que estou no caminho certo.

Vejo respostas agressivas na rede à estes movimentos conservadores que de maneira extremamente desconectada e ignorante requerem "violências" como resposta aos "problemas políticos" do país e do mundo. Muitas vezes me sinto representado nestas respostas. Porém, entendo que assim como a criminalidade cotidiana tem relação com a opressão e exclusão social, o autoritarismo e a sede por repressão também são frutos de amarguras, de uma pedagogia familiar/social opressora e autoritária. Imaginem o péssimo ambiente familiar em que se desenvolveram este rancor impregnado, este ódio reprimido e este medo generalizado. Uma pessoa terna, que recebeu amor, carinho, toque humano e compreensão não exige morte ou prisão de ninguém para se satisfazer, ou para resolver seus problemas.

Não estou pregando a vitimização de ninguém, e muito menos a compreensão de demandas ininteligíveis. De maneira alguma acho que devemos confraternizar com opressores, ou apoiar seu movimento político. Devemos porém, agir com presença e consciência. Habitar a política e a sociedade levando saúde para esta e não ódio. No ódio eles já ganharam, pois são filhos do ódio, da repressão sexual e sensual, são baratas de casca dura que aguentam muita pancada. 

Devemos chorar de tristeza com uma guerra, e chorar também pelos que viraram baratas de casca dura. Chorar para também não virarmos baratas de casca dura. Essa é nossa função, humanizar, nunca achar normal a destruição da vida. Criar espaços e condições para que nossas crianças não precisem se tornar baratas de casca dura para sobreviverem. Como já dizia The Smiths "barbarism begins at home".


Ao meu redor vejo isso rolando... Vejo pessoas se tornando autônomas, abandonando as falsas seguranças sociais, criando condições para as crianças se desenvolverem naturalmente, sem pressões produtivistas, cada uma a seu tempo e ritmo. E vejo também guerreiros, mas guerreiros que escolhem as lutas em que se metem. Meus amigos... como ouvi essa semana, não devemos mais combater o sistema vigente... devemos hackea-lo.


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