quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"Happiness is only real when shared"

Alexander Supertramp, no fim de sua aventura e de sua vida afirmou: "Happiness is only real when shared". Sua história ficou famosa, seu diário de viagem virou best-seller e filme hollywoodiano. A felicidade só é real quando compartilhada, ele concluiu.


Na minha opinião, ele assim concluiu porque teve muitas experiências profundas e interessantes em seus últimos anos de vida, processos que não foram compartilhados, que se desvaneceram na existência. Quantas momentos inesquecíveis vividos por nós na solidão não foram esquecidos pela simples ausência de uma testemunha, de alguém que de década em década nos perguntasse "você se lembra?", confirmando aquela realidade tão rica que deixou de habitar o tempo para habitar nossos corpos, nossas células. Compartilhar é mesmo um fenômeno maravilhoso.


Porém, numa sociedade onde a solidão acompanha todos e onde o foco está na imagem, o próprio compartilhar se deforma. Antes a realidade era presenciada para então ser celebrada, agora ela é fingida e tenta se tornar real ao se espalhar por uma rede virtual. Antes, enchíamos o cálice com uma bebida instigante, provávamos ela, e passávamos o cálice adiante. Agora, a taça está vazia, porém contamos aos outros quão delicioso é nosso drink ficcional. É a falsa felicidade tentando se tornar real quando difundida.


Contrapondo a lógica anterior, nesse momento de falsas vidas expostas em facebook e em outras redes sociais, minha felicidade se torna real por não ser compartilhada, por guardar meus tesouros para aqueles que de fato dividem a vida comigo, pois aliais, minha experiências não cabem em um ambiente virtual. Me sinto preenchido por não saberem de minha vida, do sabor de meus alimentos, das delícias e desprazeres do meu dia. Quão triste é tirar foto da própria comida antes de come-la? É compartilhar antes mesmo de passar pela experiência... Vazio, tristeza, solidão.


Coloco minhas energias em quem posso tocar, em quem pode sentar-se a mesa comigo. O resto é ficção, personagens, e minha história é bem real. Como não quero ser apenas mais um ruído neste mundo, presto atenção para ver se o cálice esta cheio antes de passá-lo para frente.





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