segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O Que Caiu?

E a carteira caiu do bolso e, talvez, a rua quase vazia fez com que ninguém acusasse a queda, avisasse ao dono.

O homem comum que passava, um homem de “dia-a-dia”, avistou ali caída a carteira perdida. O primeiro pensamento que lhe veio foi aquele do tipo “é – não é” mais o “é” foi confirmado logo em seguida. Era realmente uma carteira perdida!

Ao abri-la a primeira coisa que notou era que mais de mil reais estavam ali. - Deve ser de alguém rico! Pensou o homem.

E os segundos seguintes foram uma chuva de pensamentos: - Estou precisando tanto, provavelmente muito mais do que aquele a perdeu! Pego o dinheiro ou não? O que farei com os documentos?

Ao ver uma caixa de cartas do correio transferiu o dinheiro da carteira encontrada para a sua própria carteira. Depositou a carteira na caixa do correio e partiu.

– Qualquer um faria isso! Murmurou o homem. Ele havia notado que na carteira existia um endereço, mas fingiu que não viu. Por que será?

E a carteira caiu do bolso e, talvez, a rua quase vazia fez com que ninguém acusasse a queda, avisasse ao dono.

O homem comum que passava, um homem de “dia-a-dia”, avistou ali caída a carteira perdida. O primeiro pensamento que lhe veio foi aquele do tipo “é – não é” mais o “é” foi confirmado logo em seguida. Era realmente uma carteira perdida!

Ao abri-la a primeira coisa que notou era que mais de mil reais estavam ali. – Me dei bem! Pensou o homem.

E os segundos seguintes foram uma chuva de pensamentos: – Vou dar uma festança nesta noite! Minha mulher não vai acreditar!

Mas ao tocar no dinheiro presente na carteira viu um endereço escrito na mesma. – Talvez seja o dinheiro do aluguel da pessoa. Ao ver a foto de uma senhora no documento pensou ainda: – Talvez seja todo o dinheiro da velha senhora.

Viu um número de telefone junto ao endereço e resolveu ligar, mesmo se contrariando de certa forma. A própria senhora da foto atendeu ao telefonema e disse que estaria indo buscar seu pertence.

O homem se sentia bem pelo que havia feito, sentimento este que foi um pouco abalado quando a senhora chegou para buscar sua carteira de motorista e com um carro importado. O mais caro que ele conseguiria imaginar.

Ao receber a carteira a senhora ficou muito feliz, lhe agradeceu e disse que sem seus documentos ela teria problemas. Ela abriu a carteira, retirou dez reais e entregou ao “homem cotidiano”. Disse-lhe que era pelos serviços prestados. Ele ao começo negou, por motivos conhecidos por todos, mas depois, pela insistência previsível, acabou por aceitar.

No retorno à sua vida normal percebeu que se sentia bem. – Vem fácil, vai fácil; Pensou ele! Porque será?

E a carteira caiu do bolso e, talvez, a rua quase vazia fez com que ninguém acusasse a queda, avisasse ao dono.

O homem incomum que passava, um homem inocente, avistou ali caída a carteira perdida. O primeiro pensando que lhe veio foi aquele do tipo “é – não é” mais o “é” foi confirmado logo em seguida. Era realmente uma carteira perdida!

Ao abri-la a primeira coisa que notou era que mais de mil reais estavam ali. Mas por incrível que pareça, ele não pensou nada. Talvez pela inocência que lhe domina.

A segunda visão que teve da carteira foi a de um endereço presente em seu interior. Decidiu levar a carteira até o endereço ali referido.

Ao chegar ao local, uma mansão, tocou a campainha e explicou a um senhor o que ocorrera. Uma senhora saiu e disse que a carteira lhe pertencia.

Ao receber a carteira a tal senhora ficou muito feliz, lhe agradeceu e disse que sem seus documentos ela teria problemas. Ela abriu a carteira, retirou cem reais e esticou seu braço até o “menino-homem”. Este sem mudar de expressão perguntou para ela o porque do dinheiro.

Ela explicou para ele o óbvio: – É uma recompensa por você devolver minha carteira. Poucas pessoas fariam o que você fez!

– Devolver o dinheiro? Perguntou ele, que teve um aceno positivo com a cabeça como resposta. – Aposto que qualquer um faria o que fiz. Alguns ligariam ao invés de vir até aqui, mas todos devolveriam. É nosso dever não é?

Terminando de falar se despediu e partiu. A senhora sentiu algo de estranho no homem. Sentiu que ele não só recusou sua oferta como a reprovou. Porque será?

E a carteira caiu do bolso e, talvez, a rua quase vazia fez com que ninguém acusasse a queda, avisasse ao dono.

O homem incomum que passava, um homem de dia-a-vida, não avistou ali caída a carteira perdida. Este homem olhava para o céu e refletia sobre os deveres humanos. Pensava ele que nossos deveres se tornaram algo romântico. Pensava também que o romance já não tem o seu lugar. Pensou ainda que com muitos direitos e poucos deveres as relações iriam se complicar. Ficou triste por um momento, mas logo voltou a ser feliz pensando que o que importava era como ele respondia ao mundo.

Passando por uma fonte de praça, destas artificiais, notou que o reflexo é sempre mais claro quando não estão presentes as pedras da imaginação. Porque será?

Michel Cantagalo / Kodorna

4 comentários:

Joyce disse...

Gostei, cronista-poeta-professor-músico-malabarista-oque for.

Beijo!

Michel disse...

Fico feliz com a visita!
Beijos Joyce!

Joyce disse...

Mas visita lá também! rs
beijo

Michel disse...

Já estive lá!
Abraço!
:)